- O Tribunal do 9º Circuito manteve a decisão de um tribunal inferior de rejeitar a ação de Henry Allen, que alegava que as operadoras de telefonia móvel violaram a ADA ao não acomodar sua sensibilidade eletromagnética (EMS). O tribunal decidiu que torres de celular não são “locais de acomodação pública” segundo a ADA, deixando as vítimas sem recurso legal.
- A Seção 704 da Lei de Telecomunicações de 1996 impede que governos locais rejeitem torres de celular com base em riscos à saúde, forçando as comunidades a aceitar instalações prejudiciais. Os defensores argumentam que isso retira as proteções à saúde pública.
- Estudos associam a exposição prolongada à radiofrequência a tumores cerebrais, arritmias cardíacas e danos neurológicos, com crianças apresentando maior risco devido ao desenvolvimento de seus corpos. Tribunais internacionais (como o da Itália) reconheceram esses danos, mas os órgãos reguladores dos EUA se baseiam em padrões de segurança desatualizados.
- Até 35% das pessoas relatam sintomas de eletro-hipersensibilidade (EHS) à radiação de RF. Apesar de pesquisas revisadas por pares, as empresas de telecomunicações evitam responsabilidade, enquanto estudos financiados pelo setor minimizam os riscos.
- Campanhas como #704NoMore visam revogar leis restritivas e restaurar o controle local sobre a localização das torres. Defensores alertam para uma crescente crise de saúde pública e exigem regulamentações atualizadas que priorizem a segurança em detrimento dos interesses corporativos.
Em uma decisão histórica com implicações de longo alcance para a saúde pública, o Tribunal de Apelações dos EUA para o 9º Circuito manteve uma decisão de um tribunal inferior que indeferiu uma ação judicial alegando que as empresas de telefonia móvel violaram a Lei dos Americanos com Deficiências (ADA) ao não acomodar indivíduos prejudicados pela radiação de torres de celular. O autor Henry “Hank” Allen, que alega que a exposição a uma torre de celular próxima desencadeou arritmias cardíacas com risco de vida e outros sintomas incapacitantes, enfrentou um impasse jurídico. A decisão, proferida em 12 de maio, reforça a falta de responsabilidade legal das gigantes das telecomunicações e ressalta a necessidade urgente de uma reforma regulatória.
Leis autocráticas de preempção, como a Seção 704 da Lei de Telecomunicações de 1996, privam as comunidades locais da capacidade de bloquear instalações nocivas em torres com base em riscos à saúde. A decisão deixa milhões de pessoas expostas involuntariamente a campos eletromagnéticos (CEM) e com escassas vias de recurso.
O caso contra a Verizon e a brecha na ADA
A ação de Allen, apoiada pela Children’s Health Defense (CHD), argumentou que a torre de celular da Verizon próxima à sua casa em Idaho violou as proteções da ADA ao recusar acomodações para mitigar a radiação de RF. Apesar das evidências médicas que ligam a torre à sua fibrilação atrial, distúrbios do sono e comprometimento cognitivo, os tribunais decidiram que redes de telecomunicações não são “locais de acomodação pública” segundo a ADA.
“Esta decisão deixa as vítimas de lesões por radiação na mão”, disse W. Scott McCollough, principal advogado do CHD. “As empresas de telefonia móvel precisam parar de se eximir da responsabilidade por danos aos seus clientes.” Embora as lojas da Verizon possam ser obrigadas a instalar rampas para cadeiras de rodas, os tribunais concluíram que a empresa não é responsável pela radiação potencialmente fatal emitida por suas torres.
Enquanto isso, o CHD entrou com um recurso paralelo em nome de Marcia Haller, moradora de Minnesota, que alega que uma torre de celular próxima causou mais de 50 derrames e danos neurológicos. Ambos os casos contestam a interpretação restritiva da ADA pelo tribunal, instando definições mais amplas de “acomodações públicas” que incluam infraestrutura sem fio.
Décadas de litígio e consenso científico sobre riscos de RF
O caso de Allen faz parte de uma batalha judicial de décadas sobre os impactos da radiação sem fio na saúde. Em 2012, o mais alto tribunal italiano reconheceu tumores cerebrais causados por celulares como lesões relacionadas ao trabalho. Da mesma forma, um tribunal italiano decidiu em 2019 a favor de um trabalhador que desenvolveu um tumor nervoso relacionado ao uso de telefones sem fio. Essas decisões contrastam com a hesitação dos tribunais americanos em responsabilizar as empresas de telecomunicações.
A ciência está se consolidando. O Dr. Christopher Portier, ex-diretor do CDC, escreveu um relatório de 176 páginas concluindo que a radiação de RF “provavelmente causa gliomas e neuromas” — tumores cerebrais — com alto grau de confiabilidade científica. Estudos citados no caso de Allen relacionaram a exposição prolongada a arritmias, sintomas semelhantes aos do diabetes e alterações no DNA, enquanto a União Europeia alertou para potenciais crises “semelhantes às do amianto”.
No entanto, os reguladores dos EUA, incluindo a Comissão Federal de Comunicações (FCC), baseiam-se em padrões de segurança desatualizados da década de 1980, baseados em estudos breves envolvendo apenas macacos e ratos. Um processo judicial de 2020 forçou a FCC a atualizar as diretrizes depois que os tribunais consideraram suas políticas arbitrárias e “falhas” em relação a crianças e exposição prolongada.
Riscos para a saúde e a crise da poluição eletromagnética
O corpo humano, frequentemente descrito como uma “rede eletrônica” orgânica, gera campos eletromagnéticos (CEM) essenciais para a comunicação celular. Estudos sugerem que a radiação RF externa de telefones, Wi-Fi e torres pode perturbar esse equilíbrio. Para 4% a 35% da população, essa exposição desencadeia condições como a eletro-hipersensibilidade (EHS), causando enxaquecas, irregularidades cardíacas e insônia.
As crianças correm um risco desproporcional: seus crânios mais finos e células em desenvolvimento as tornam cinco vezes mais suscetíveis ao desenvolvimento de tumores. O câncer cerebral já supera a leucemia como a principal causa de morte por câncer infantil, com as taxas pediátricas nos EUA aumentando 21% em dez anos. Apesar dessas tendências, estudos financiados pela indústria frequentemente minimizam os riscos, enquanto pesquisas revisadas por pares identificam ligações com abortos espontâneos, declínio cognitivo e distúrbios neurológicos.
Leis de preempção corporativa e a luta pelo controle local
No centro do impasse jurídico está a Seção 704, que proíbe governos locais de negar licenças para torres de celular com base em preocupações com a saúde ou o meio ambiente. A campanha “704 No More” do CHD busca anular essa disposição, argumentando que as comunidades merecem o direito de proteger os moradores.
“Os tribunais deram às empresas de telecomunicações ‘autorização’ para envenenar pessoas”, disse Allen. “Estamos lutando para recuperar nosso poder de dizer ‘não’ a instalações nocivas.”
Miriam Eckenfels, do CHD, observou que, sem reformas regulatórias, a poluição eletromagnética — um “maior experimento descontrolado em saúde” — só vai piorar. “Os custos da inação são astronômicos”, alertou.
Um apelo à responsabilização e à revolução regulatória
Enquanto os tribunais isentam as gigantes das telecomunicações de responsabilidade, vítimas como Allen e Haller enfrentam uma realidade preocupante: o sistema jurídico dos EUA não reconhece as deficiências induzidas por CEM. No entanto, esses casos, apesar dos contratempos, criam um impulso para mudanças. O consenso científico que exige ação imediata contra a exposição à RF — juntamente com precedentes globais que reconhecem vínculos causais entre torres e tumores — sugere que mudanças políticas são inevitáveis.
Até lá, o movimento #704NoMore e os esforços da comunidade para promulgar leis locais sobre redes sem fio continuam cruciais. Como observou o Dr. Mosgoeller, da Universidade de Viena: “Não podemos esperar que os tumores declarem que isso é uma crise. A prevenção precisa ser feita agora.”
Esta decisão não marca um fim, mas um ponto de virada — um alerta para tirar o controle dos padrões de segurança sem fio da influência corporativa e priorizar a saúde humana em detrimento do lucro da indústria.
Fonte: https://www.newstarget.com/2025-05-21-telecom-companies-not-liable-tower-radiation-sickness.html